sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

e havia cheiro naquelas cartas. vida e ausência estavam ali. tinha textura naquela voz que as lia, e sabor em cada linha. todas as quarenta e três cartas - evidências de outros crimes - carregavam o peso de uma vida. sabe-se lá de quais perguntas eram elas as respostas. não se sabe - e já se soube um dia? - do destinatário.

e eu ali, invadindo uma vida alheia - contudo minha.

Um comentário:

garoto roto disse...

me surpreendo com umas palavras que parecem mesmo estar num espelho.
que comunhão distorcida, amarga, une os homens? em que medida medeia-se o percurso entre o você e o eu?
em que medida se-me-revelas?
em que medida se-me-desnudas?
em que medida há distância tão próxima?
é a linha oblíqua, distorcida, que une dois pontos.
será que ela mede até o medo?