sábado, 30 de dezembro de 2023

de novo?

resolvi voltar para o blog, ou pelo menos tentar... talvez seja sintomático que eu lembre de visitar esse canto sempre no fim do ano, quando a promessa de novos 365 dias (366 ano que vem) bagunça nossas esperanças.

o desejo por voltar também foi influenciado por essa viagem que eu me prometi há anos e só agora apareceu a coragem. bora, edinbró.

sábado, 31 de dezembro de 2022

23

 vinte dois ainda foi um não-ano como têm sido todos os anos desde a pandemia. ainda que, na prática, o mundo presencial tenha voltado ao normal, a impressão é de que alguma coisa ainda ficou pelo caminho.

o desejo, portanto, é que esse algo insondável se desfaça de vez em 23. e que as coisas voltem a ser ordinárias (seja lá o que isso signifique hoje em dia).

bora, 23.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

( . . . )

dois mil e dezesseis foi um ano árido. em diversos sentidos, houve perdas das quais talvez só se dê conta em alguns anos. foi um ano profissionalmente difícil, mas também foi um ano de encontros e consolidação de relações afetivas que vão muito além do trampo. e esses encontros fortaleceram a labuta diária, porque é também nos outros que a gente encontra abrigo.

mas foi cá no seu final que dois mil e dezesseis se mostrou libertador. tomar a coragem necessária e abraçar a desistência do doutorado foi, sem dúvidas, a atitude mais importante que tomei em muito tempo. e é todo um mundo novo que se abre nesse ano maturescente. há, como sempre, resoluções silenciosas a serem cumpridas nos próximos trezentos e tantos dias. há, também, resoluções não tão recônditas como, por exemplo, voltar a escrever (aqui e alhures). e voltar a compor. e voltar a viajar. e voltar a rever tanta gente querida que acabou negligenciada nos trezentos e tantos dias passados.

nunca fez tanto sentido ter os pés descalços fincados no chão, no momento em que o relógio virou. e há muito tempo que essa virada não parecia tão significativa, simbólica e promissora.

bora, 2017!

terça-feira, 26 de maio de 2015

tem aquilo, de procurar a palavra exata... 

e de exatidões ando sabendo 
pouco além da busca 
bem pouco além do porvir. 

e não é que tenha desistido. 
ando bem sem tempo para outras desnecessidades, 
sem olhar pro chão, 
há muito não me cegam os pássaros. 

abandonei as crianças, 
larguei família e sumi no mundo. 
guardei os farrapos 
e vesti botões; 

pesam toda uma vida, esses botões.




~ dois mil e oito (?) mas pode chamar de ontem.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

here we go again...

pés descalços no chão e mais 365 dias. que dois.mil.e.quinze nos seja mais leve...

até a volta.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

drops literário #26

Sobre a beleza o meu pai também explicava: só existe a beleza que se diz. Só existe a beleza se existir interlocutor. A beleza da lagoa é sempre alguém. Porque a beleza da lagoa só acontece porque a posso partilhar. Se não houver ninguém, nem a necessidade de encontrar a beleza existe nem a lagoa será bela. A beleza é sempre alguém, no sentido em que ela se concretiza apenas pela expectativa da reunião com o outro. Ele afirmava: o nome da lagoa é Halla, é Sigridur. Ainda que as palavras sejam débeis. As palavras são objetos magros incapazes de conter o mundo. Usamo-las por pura ilusão. Deixámo-nos iludir assim para não perecermos de imediato conscientes da impossibilidade de comunicar e, por isso, a impossibilidade da beleza. Para que um veja e o outro ouça. Sem um diálogo não há beleza e não há lagoa. A esperança na humanidade, talvez por ingênua convicção, está na crença de que o indivíduo a quem se pede que ouça o faça por confiança. É o que todos almejamos. Que acreditem em nós. Dizermos algo que se torna como verdadeiro porque o dizemos simplesmente.

(MÃE, Valter Hugo. A Desumanização. Cosac Naify: São Paulo, 2014.)

mariana aydar - palavras não falam

do dia (mais um) em que lágrimas...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

casa de espelho recomenda: cantoras do brasil



sim! dependesse de mim, apenas mulheres estariam autorizadas a cantar músicas, neste e em todos os mundos possíveis. por isso, essa compilação é obrigatória para aqueles que, assim como eu, não podem ouvir uma voz feminina, que já sentem ter encontrado a solução para o mal do universo e as mazelas da vida.

as vozes que compõem essas cinquenta e uma faixas pertencem à vinte e cinco mulheres que participaram do excelente programa "cantoras do brasil" do canal brasil. são quase três horas de amor.

não vou falar muito, só elencar minhas versões favoritas:

luísa maita "é com esse que eu vou"


mariana aydar "canto das três raças"


karina buhr "canto de ossanha"

céu "o morro não tem vez"

para baixar - via torrent - clique aqui: DOWNLOAD


para conferir a lista de músicas, veja o post completo.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

drops literário #25

Como eu enxergo a presença de um filho em minha vida? Pergunta fina. Vamos ver. Acho que eu gostaria de ter um filho para poder contar como são as coisas, que o mundo, no fundo, é melancólico pra caralho, não importa as companhias, mas que é dessa descoberta que. Eu acho que gostaria de ter um filho para compreender o significado de solidão pela sua oposição, não sei se dá pra entender. Como um modo de acreditar que estar só pode ser bom também. Filho, no fundo, é uma bengala que você mesmo confecciona, não é verdade? É uma espécie de previdência privada, é investir em alguém que, se tudo caminhar bem, vai limpar sua bunda no final.

(VIANA, André. O doente. São Paulo: Cosac Naify, 2014.)

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porque vai ecoar
marc johns

segunda-feira, 14 de abril de 2014

drops literário #24

O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúptia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.

(JORGE, Luiza Neto. O poema ensina a cair)

macanudo

nadie me quita.