terça-feira, 7 de julho de 2009

Futebol: um vírus mais perigoso que o da gripe

Amanhã vou para Argentina assistir ao primeiro jogo válido pela final da Libertadores da América entre Estudiantes e Cruzeiro. Como não poderia deixar de ser, existe a preocupação com a tal gripe suína. A diretoria cruzeirense tentou de todas as formas mudar o local da partida e até abriu mão de decidir em casa propondo dois jogos em campos neutros. Duas coisas precisam ser consideradas nesse caso.

Primeiro, que a Conmbeol utilizou dois pesos e duas medidas. Quando a disputa era entre uruguaios e brasileiros contra mexicanos, a entidade não titubeou e proibiu os jogos no México. Com isso, os times mexicanos abandonaram a competição e Nacional (URU) e São Paulo passaram de fase direto. Ora, a situação na Argentina hoje é pior do que a situação no México àquela época. Mas a força da Associação de Futebol Argentina (AFA) é muito maior que a força da Federação Mexicana. Resultado: partida mantida para La Plata.

Em segundo lugar, é engraçado ver como as opiniões a respeito da gripe mudam conforme o vento sopra. O Ministro da Saúde José Gomes Temporão disse que a forma como as pessoas lidam com a nova gripe é exagerada e que: "Tem muita gente que pensa 'é uma doença com nome diferente' e então pensa que é diferente. Ela tem um nome diferente porque é um novo vírus, mas o comportamento dessa doença, na vida real, nos mostra que agora é muito parecida com a gripe comum". Outra declaração importante do Ministro foi: "Em 2006 morreram no Brasil, de complicações causadas pela gripe comum, 70 mil pessoas." Mas aposto que se alguém perguntasse ao Ministro o que ele acha sobre a realização da partida em La Plata, ele seria contra e bradaria aos quatro ventos que isso é um absurdo, uma falta de responsabilidade e blá blá blás.

Na Argentina, autoridades tomam medidas preventivas contra a gripe como a suspenção das aulas. Há um encorajamento para que pessoas não saiam de casa ou o façam utilizando máscaras e que tenham todos os cuidados que se deve ter para evitar uma gripe comum. Lavar, as mãos sempre que tossir ou espirrar, evitar contado com pessoas doentes, etc. Se a precaução fosse mesmo grande, as mesmas autoridades que suspenderam as aulas, vetariam a partida. Não o fizeram. Eu acho que deve ter aí um pouco daquela rivalidade BrasilxArgentina. Lembro de uma piada que dizia que o melho negócio do mundo é comprar um argentino pelo preço que ele vale e vender pelo preço que ele acha que vale. O mundo pode tá acabando mas os argentinos não perdem a pose.

Imagina se times estrangeiros resolvem vetar a vinda ao Brasil por conta da dengue, por exemplo? OK, é um pouco diferente porque a gripe é uma doença cujo contato se faz entre pessoas e a dengue precisa lá do mosquito e coisa e tal. Mas ainda assim, argentinos, paraguaios, uruguaios, todos poderiam dizer ano que vem - principalmente em março quando chove bastante - que não querem arriscar a integridade física de seus jogadores e que os jogos no Brasil deveriam ser transferidos para outras cidades.

Enfim, estou indo pra Argentina e é claro que vou usar máscara, lavar as mãos e tudo que manda o manual. Vírus muito mais perigoso que o da gripe suína é o do futebol porque não tem cura. E os sintomas são os mesmos da gripe: falta de apetite, corpo dolorido, desânimo (em caso de derrotas), vômitos, diarréia, ressaca, dor na garganta, etc.

No fundo, fico com a impressão de que essa nova gripe nem é assim tão séria. De que tudo não passa do medo do desconhecido e de que daqui a algum tempo ninguém mais vai lembrar dessa gripe tal como agora, pouca gente lembra da tal gripe aviária. Aliás, que fim ela levou?

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