quinta-feira, 12 de agosto de 2010

casa de espelho recomenda: luísa maita


A minha relação com a voz da Luísa Maita foi de paixão à primeira audição. Eu ouvi “Mangue e Fogo” do Rodrigo Campos e a primeira coisa que pensei foi: eu preciso ouvir mais dessa voz.

Luísa, parceira do Rodrigo no amor e na música, canta outras faixas em “São Mateus não é um lugar assim tão longe”. Não satisfeito, comecei a garimpar algumas coisas dela por aí. Encontrei um EP lançado – não sei se oficialmente – em 2009 com quatro músicas além das quatro que ela gravara em “São Mateus”. “Lero-lero”, “Encabulada”, “Anunciou” e “Alento” presentes no EP, permanecem no disco de estréia da cantora.

O CD “Lero-Lero” foi produzido por Paulo Lepetit que já trabalhou com gente do calibre da Cássia Eller, Ney Matogrosso e Itamar Assumpção. A co-produção fica por conta da própria Luísa junto do Rodrigo Campos.

São onze faixas e Luísa não assina a composição em apenas três. “Desencabulada” de Rodrigo Campos e Luís Felipe Gama; “Mire e Veja” de Rodrigo Campos e Morris Picciotto; e “Maria e Moleque” de Rodrigo Campos. Esta, aliás, tem a cara de Rodrigo e até suponho que tenha sido feita junto com outras do “São Mateus”.

As músicas têm inspirações urbanas como, por exemplo, a rotina de um moto-boy em “Alento” ou o fim de um dia cansativo de trabalho em “Alívio”. Em “Maria e Moleque”, Luísa canta a história de um traficante que se apaixona por uma mulher casada. Esse modo de compor é uma característica da nova geração da cena paulista, conforme a reportagem que citei aqui dias atrás. A vida ta aí acontecendo em todo lugar; nada mais natural do que falar do cotidiano.

E o que impressiona em “Lero-Lero” é o modo como Luísa canta e conta todas essas histórias de forma austera, mas com emoção. O disco tem o frescor de um disco de estréia e a classe característica dos veteranos. Não é a pirotecnia que encanta e impressiona o ouvinte. Precisa-se de música: boa, bem feita. “Lero-lero” consegue fazer isso, e muito bem.

Destaco algumas músicas: “Aí vem ele” com Rodrigo Campos e seu violão cuja sonoridade, por vezes, me remete a Baden Powell; a ciranda ultramoderna “Fulaninha” e a capoeiríssima “Anunciou”.

Mas, pra mim, o ponto alto do disco é última faixa: “Amor e Paz”. Li, não me lembro onde, que a música – uma espécie de homenagem ao João Gilberto – foi inspirada na imagem de um pai ninando um filho. E é bem isso que a música de Luísa faz com você; ela te nina, te avisa que tudo há de ficar bem.

Eu ganhei o disco em uma promoção da Oi Fm. Mas se você quiser, pode baixar clicando na imagem. Agradecimentos ao Fulano do UQT.


"Amor e paz"





"Fulaninha"




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