quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ana e o vôo inaugural

Da janela da sala, Ana via um punhado de pássaros aprendendo a voar. Saltavam de um telhado bem alto, na casa de dona F. e vinham batendo as asas até a árvore da pracinha. Ana sentia um frio na barriga porque parecia que eles não conseguiriam, parecia que eles cairiam no chão e ninguém estaria lá pra socorrer. Ana correu pra fora, caso precisassem de ajuda.

Era esquisito, porque Ana nunca tinha visto ninguém aprender a voar. Achou o exercício mais difícil que qualquer lição de casa que já tivesse feito. Não quis voar como os pássaros. Sentia um medo danado de cair no chão e não ter nenhuma Ana pra ajudar. Foi então que entendeu que só poderia voar se houvesse outra Ana pra lhe acolher no chão. Enquanto uma Ana voasse, a outra ficaria velando o vôo. E foi assim que Ana aprendeu que a multiplicação era a operação matemática que permitia o vôo. Correu pra casa à procura do melhor jeito de multiplicar-se. Viu um espelho e então voou em paz.

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