segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

de onde vem essa canção: alhures

teve uma época, no extinto fotolog, que eu contava como criei algumas das minhas músicas. já não lembro quais apareceram por lá, mas resolvi relembrar algumas histórias. a idéia primeira era aproveitar para gravar todas as músicas novamente. farei isso com aquelas que mudaram muito, ou que não tenho mais comigo. e assim nasce mais uma série - requentada - nesse blog: "de onde vem essa canção?"

canção do dia: alhures

costumo dizer que todo música abaca sendo para alguém. uma situação pela qual alguém passa acaba nos afetando de alguma forma. sempre. deve ser o tal mecanismo da simpatia do david hume. foi mais ou menos o que rolou com essa música. e acho que a pessoa que deu origem a isso tudo nem faz idéia. se não me engano, estávamos em meados de 2005 e um grande amigo sofria com o fim de um longo relacionamento. não é necessário dizer o quanto isso pode ser difícil. isto dito, a música fica mais óbvia do que já é.

simpatias à parte - porque a gente toma de empréstimo a dor alheia e faz dela um pouco nossa -, há na letra algo de muito próprio: a idéia da chuva como redenção. sempre gostei muito de (tomar) chuva. e me acompanha desde sempre a fascinação infantil quando uma chuva muito forte caía em itabira. é até difícil verbalizar aquilo com eu sentia lá com meus 6 anos. era um misto de medo com admiração e vontade de participar. acho que, ali, eu meio que descobria a vida pela chuva.

então, com a chuva na cabeça fui escrevendo uma letra simples que até começou como carta - mais uma das centenas escritas e não enviadas - e terminou como música.

gosto de três coisas nessa canção:
- o título que é uma das palavras mais bonitas da língua portuguesa.
- a "subverção" da palavra 'divertir'. é que ela é tão usado como sinônimo de 'entreter' que poucos se lembram do seu significado mais forte - que, inclusive, diz respeito à etimologia do termo -: 'afastar-se' ou 'apartar-se'.
- o pseudo-samba insinuando-se no final como quem lembra que, depois da chuva [ou mesmo na chuva], ainda há samba.

a gravação não é das melhores. a música não feita para eu cantar, assim como todas outras. e naquela onda de querer ouvir minhas músicas em vozes alheias; para essa, eu sempre pensei na voz da CéU. é o que tem pra hoje...

clique abaixo para ouvir






alhures

levanta
que um dia a sorte irá divertir
espera
porque esse som vem de outro lugar

e se for chover
chova...

reza
alguém aqui terá que te ouvir
canta
no meio da festa alguém vai desdobrar

mas se for chover
chova...

olha
aquilo que veio trazido por mim
toma
mas tenha cuidado pra não machucar

e quando for chover
chova...

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