sexta-feira, 19 de agosto de 2011

mantra n° 2

mesmo no abandono, algo força permanência.

sobreviveu ao werther quando menino, mas esse lullaby veio lhe descobrir até aqui. o encontra - agora, cabeça feita - cada vez mais vulnerável. e já não é apenas uma canção de ninar; ela irrompe a vigília ecoando ao longo do dia: na espera do trem, no café, no trabalho e na volta pra casa. não adianta tapeá-la com outro trajeto ou com a mudança do endereço postal. a canção já o alcançou - há quanto tempo! - e a única esperança de liberdade consiste na repetição, de religiosidade cristã! para que, na repetição, ela deixe de ser o que é se transforme em outra. ela, ele ou ambos.

ou isto, ou render-se de vez e cantá-la pela primeira e última vez...

Um comentário:

garoto roto disse...

se no dissonante instante se desmancha o que compõe em todos nós não mais que a identidade, o que mais sobraria dessa sombra pensante (chamam-lhe "homem") além de uma simples concha de desejos violados?
ora, pois não é que a musa me desperta?