sexta-feira, 2 de setembro de 2011

são tempos estranhos estes que se tem agora. um silêncio sem precedentes me habita e, ao que parece, não há previsão quanto à permanência dessa instalação. perderam-se as referências para o desenvolvimento da voz e até mesmo um 'bom dia' vem com uma carga incômoda. são tempos estranhos estes que se tem agora; tempos em que se busca no outro as palavras que faltam do lado de cá. tempos de um silêncio sem fim...

2 comentários:

garoto roto disse...

é pouco e tanto o gesto que de cá se apreende, que na vida quem não pode ser senão ausente, querer possa a voz que não lhe ressoa, pois que a boca corre à voz de outra pessoa.
no que calar se mostra, como a pérola da ostra, amar não se pode o que não se perdoa, esquecer jamais o que já é corrente, enxergar não mais o que se povoa no pavor austero de névoa diligente.
pois se como essa gente, farta e morta na loucura ordinária (do nascer ao pôr do sol, pois, é o que se sente) findar eu não possa como outro indigente, mas marcar nas areias inconstantes a voz pouca que me prende.
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camões, cá em outras terras, me oriente, num ocidente mais originário e ordinário do que se pretende, (e mais fabuloso e banal do que o que se sonha), no frescor de auroras mais antigas e mais potentes (quando não mortas), mais jovens e mais vazias, quando renitentes.

garoto roto disse...

...saudades de ser outro...