sexta-feira, 4 de novembro de 2011

têm-me faltado palavras. há mais do que aquela costumeira ausência - que, no fim, convertia-se sempre em presença. agora, vagueio esperando que alguma palavra apareça. mais ou menos como os insetos que passeiam por mim.

sento e aguardo pela palavra que me toca. pode haver permanência - como essa formiga no pé esquerdo - ou mera passagem - como o mosquito que pousa na mão escritora, mas logo sai, assustado pelo movimento.

porque ele, o movimento, assusta. porque a gente sabe que o movimento é a condição de possibilidade da mudança e ela causa ainda mais terror!

li em virgínia que "quando abotoei o meu casaco para ir para casa, disse mais drasticamente: 'perdi minha juventude'". pois bem, já sabia o peso dos botões e das urgências mais urgente; aquelas que nos arrebatam as melhores (in)utilidades... mas é que eu queria, por um dia que fosse - talvez todos - ignorar esses botões...

e deixar que insetos me percorressem sem pressa, sem sustos; e deixar que as palavras me acompanhassem com a permanência de outrora.

Nenhum comentário: