segunda-feira, 31 de outubro de 2011

drops literário #17

Mas nós que vivemos no corpo vemos com a imaginação do corpo as coisas desenhadas a traço. Vejo rochas ao sol claro. Não posso levar esses fatos para dentro de alguma caverna e, tapando meus olhos, fundir seus amarelos, azuis e cor de ferrugem em uma só substância. Não posso ficar muito tempo sentada. Preciso levantar-me de um salto e partir. A carruagem pode partir para piccadilly. Solto todos esses fatos - diamantes, mãos mirradas, potes de porcelana e o resto - como um macaco solta nozes de suas mãos peladas. Não posso dizer-lhes se a vida é isto ou aquilo. Vou sair para a multidão heterogênea. Serei golpeada; erguida e baixada entre homens, como um navio no mar.

(WOOLF, Virgínia As ondas. Tradução Lya Luft, Osasco: Novo Século Editora, 2011)

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