terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

drops literário #23

achava que sentir que deus existe é como sentirmos que gostamos de alguém e passarmos a vida inteira a acreditar na correspondência desse amor para descobrirmos, mais tarde, que a pessoa esteve conosco por inércia, por comodidade. sentir o que não existe é uma qualquer saudade de nós próprios. muita coisa é apenas uma saudade. muitos dos sentimentos. é como lhe digo. sabe, até o suspirarmos por alguma acalmia que havia antes da revolução. (...)
eis a emissão certa, a propaganda que não podíamos dispensar, sobreviver, segurarmo-nos, e aos nossos, e abrir caminho até morte dentro. essa é que era a essência possível da felicidade, aguentar enquanto desse.

(mãe, valter hugo, cap. dez "os olhos pequenos demais para verem uma coisa tão grande" in: a máquina de fazer espanhóis)

Nenhum comentário: