sábado, 24 de maio de 2008

sobre as novas regras da língua portuguesa

no jornal nacional de ontem, vi uma reportagem sobre as mudanças que ocorrerão na língua portuguesa. num acordo entre brasil, portugal, cabo verde e são tomé e príncipe foram estabelecidas regras para unificação da ortografia da língua portuguesa.

dentre algumas regras, estas me chamaram atenção:

1) acabou o acento agudo nos ditongos "ei" e "oi". então, 'idéia' passa a ser 'ideia'. 'estóico' vira 'estoico'.

2) acabou o acento circunflexo em palavras com 'e' ou 'o' dobrado. 'crêem' vira 'creem'. 'vôo' vira 'voo'.

3) acabou o acento diferencial. você escreverá 'para' quando utilizar o verbo e quando utilizar a preposição. se digitar 'pelo pelo' o word não poderá te acusar de ter repetido a palavra. sabe por quê? porque você não deverá usar o ^ - chapeuzinho do vovô - quando quiser falar do pêlo do seu animal de estimação. então, meu caro, 'pelo pelo descobre-se o dna' será, muito em breve, uma frase corretíssima.

o motivo pra unificação? dizem que é para facilitar a edição de livros na língua portuguesa contribuindo para o intercâmbio de obras entre os países. pergunto: isso ajuda n'alguma coisa? respondo: bosta nenhuma!

na faculdade, li uma tradução portuguesa (de portugal) da crítica da razão pura de kant. e olha, não senti a menor dificuldade de compreensão. que diferença faz ler 'idéia' ou 'ideia', meu deus? absolutamente, nenhuma! então, esse papo de facilitar a edição de livros oriundos dos países de língua portuguesa é pura balela. e essa história de ficar mudando regras é falta do que fazer.

a regra 3, por exemplo! fala que não é muito melhor ter um acento pra diferenciar um verbo de uma preposição?

o pior disso tudo é que as mudanças afetam muito mais o português brasileiro do que o português português. para nossos queridíssimos lusitanos, apenas retirar-se-ão as consoantes mudas de palavras como acto(ato) e óptimo(ótimo); além de acabar com o 'h' de húmido.

só pra esclarecer: quando falo que o importante é compreender o texto, não quero defender o internetês. gosto do português bem falado e bem escrito. mas não precisa desse exagero todo. e convenhamos que 'pelo pêlo descobre-se o dna' é muito melhor que 'pelo pelo descobre-se o dna'.

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