sábado, 28 de março de 2009

sobre a mesa posta
todos os talheres de prata
o aparelho de jantar completo
para a mesa vazia...
os assentos vazios

eu, à cabeceira,
te contemplo ausente
e já não sei por onde começar
o inexistente banquete

pesa, enfim, todo esse tempo
esse mesmo tempo
que antes era sempre primavera,
mão infantil em minha fronte.

à minha frente, o prato vazio.
mas de nada vale essa parafernália
há muito perdi o manuseio dos entes
tudo me escapa por entre os dedos
e falta o que transbordar pelos poros

não existe suor
não existe ofegar

e a mesa, vazia
e a mesa, vazia
à mesa vazia
sirvo-me de desculpas
e sigo à espera
da próxima refeição

Nenhum comentário: