sábado, 13 de novembro de 2010

dos idos de sabe-se lá quando...

... ouviu-se esse lamento:

"e quando não é sangue o que corre em tua veia? e quando é pó tudo aquilo que te permeia? sente a secura na garganta e mastiga com a boca deserta um granulado salgado. sabes bem o líquido que te falta e tanta falta te faz. é o mesmo de semanas atrás. é o mesmo de meses atrás. é o mesmo que, há exatamente um ano, não teve o prazer de provar. mas, ainda assim, houve prazer. e a promessa silenciosa de que uma dia a umidade estaria presente. esse dia não veio. e virá? a tua metade está aberta e pronta. não há quem entre por teu labirinto, nem quem invada o teu portal."

e então, a gente se dá conta de que algumas coisas nunca mudam mesmo. e ficamos feito sísifo rolando a pedra infinita. culpa da herança maldita, telúrica; dom e maldição. toda aquela velha história contada e recontada que, de tão repetida, já se sabe de cor. e o final - não menos conhecido - se precipita a todo instante. é aquele cantar de sereia, odisseu. e enquanto as cordas te prendem ao mastro, resistes. até quando hem, odisseu? até quando essa insistência inútil? se sabe que é inútil resistir ou mesmo suicidar-se, para que se guardar para os bodas incertas?

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