segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Obrigado, Ronaldinho.


Numa das várias conversas sobre futebol, com meu amigo Carlos, a gente se perguntava que esporte é esse que nos faz chamar jogadores – muitas vezes burros feito uma porta – de gênios, artistas e que tais. É difícil encontrar alguma explicação plausível. A única que me satisfaz remete à capacidade que certos jogadores têm de despertar emoções com sua habilidade. E no fim das contas, é isso que conta na hora de qualificá-los como artistas.

Ronaldinho, Ronaldo, Fenômeno, gordo – seja lá do que você quiser chamá-lo – é um desses jogadores. Eu, na casa dos 26 anos, nunca vi ninguém jogar tanta bola quanto o Ronaldinho. E pra mim, e boa parte da torcida do Cruzeiro, o cara será sempre Ronaldinho. Não importa se sua balança teimar em mostrar um número de três dígitos.

Eu nunca vou me esquecer do jogo entre Valério e Cruzeiro quando tive a oportunidade de entrar em campo com aquele garoto de 17 anos. Nunca vou me esquecer que, no mesmo dia, mais cedo, o conheci no restaurante do hotel e lhe entreguei uma carta com um desenho que fizera dele e de todo o time celeste. Não vou me esquecer do gol mais moleque que já vi: aquele contra o Bahia de Rodolfo Rodrigues, em que o menino Ronaldo toma a bola do goleiro desatento. Nem vou esquecer como o Ronaldinho destruiu o atlético-mg marcando três gols e protagonizando um lance inesquecível em cima do zagueiro Kanapis. Não vou perdoar o Parreira por preferir Viola ao Ronaldinho na final da Copa de 1994. Não vou me esquecer das vezes em que assisti ao Globo Esporte esperando para ver os gols daquele menino-gênio pelo PSV da Holanda. Nem vou me esquecer do orgulho que tive quando o vi fazer o que fez jogando pelo Barcelona. Não vou me esquecer – com certa inveja – do pênalti cavado no Brasileiro de 2010. Mas aí, vejam vocês, não vou esquecer que, se o Cruzeiro foi o primeiro time pelo qual ele marcou um gol como jogador profissional, foi também o Cruzeiro o último time que sofreu um gol do maior jogador de futebol dos últimos anos.

A despeito dos últimos jogos pelo Corinthians, não há como nutrir qualquer sentimento por Ronaldinho que não seja de admiração. As lembranças que tenho dele serão sempre as melhores possíveis. E, hoje, eu acho que começo a entender o que sentiram aqueles que presenciaram o adeus de Garrincha, de Pelé, de Tostão, de Dirceu, de Zico, de Sócrates e de tantos outros. Obrigado, Ronaldinho.

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