terça-feira, 14 de junho de 2011

sobre camaleões e jovens

seres humanos sempre foram miméticos; a gente aprende a partir da imitação. a mãe e o pai repetindo ad infinitum “mamã, papá” nada mais é do que a tentativa de que a criança imite aqueles sons e comece a falar. porém, parece que a onda agora é imitar qualquer coisa que seja, em busca de alguma identidade. o problema é que, na imitação, a identidade nunca será sua propriamente.

claro que todos nós estamos suscetíveis às companhias compartilhadas. e não há mal algum nisso! entretanto, essa relação deve ser uma via de mão dupla e quando se perde – ou não se desenvolve – aquilo que te distingue, algo está muito errado.

mas de onde veio isso tudo, matheus?

conversava com o jonny pops sobre essas coisas ontem e depois fiquei matutando. talvez seja a velhice batendo à porta, a responsabilidade de pagar as contas, a falta de grana ou só um pouco de rabugice. mas me entristece muito ver uma geração que tem um puta acesso a milhares de coisas desperdiçar essas oportunidades. e não desperdiça por altivez, mas por apatia.

há uma apatia se espalhando por essa geração de camaleões. um desânimo com o mundo que só deveria vir bem mais tarde. e aí vem essa coisa da imitação; com a preguiça intelectual que esses jovens vêm desenvolvendo, não se busca o próprio caminho. toma-se como modelo quem quer que esteja disposto a lhe dar a mão. e se a mão não vem, sem problemas. segue-se os passos do outro cegamente. e, ênfase nisso, dane-se quem seja o outro.

minhas preocupações são motivadas pelas experiências em sala de aula, onde tento, na medida do possível, alertar a moçada. e quando a gente percebe que um aluno – num universo de cem, que seja – começa a ver as coisas sob um novo olhar; ah! o ano está ganho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Velhice batendo à porta!? rs rs rs .. E bota velhice nisso! O Nirvana fez um disco inteiro sobre a apatia de sua geração no início dos anos 90. Aliás, outro dia li uma matéria muito interessante sobre a diferença entre as canções de antigamente e as canções de hoje. As canções de sua época usava muito a primeira pessoa do plural: "nós vamos mudar o mundo". As canções de hoje são basicamente escritas pela primeira pessoa do singular exaltando a si mesma...

Os tempos não estão mais mudando: já mudaram!

Abraço meu velho!
Venha visitar a gente qualquer dia desses!

Ed*

JC disse...

Pô Matheus, se eu ainda fosse à escola ia gostar se vc fosse meu professor.