sábado, 5 de setembro de 2009

Vidas Secas (1963) - 8.5


Li "Vidas Secas" de Graciliano Ramos duas vezes. A primeira delas, acho que em 1999, quando estava na oitava série. A segunda delas, em 2002, no terceiro ano do ensino médio; era um dos 5 livros que cairiam no vestibular. Da primeira vez, achei o livro um saco; arrastado e soporífero. Mas eu era moleque e nenhum moleque está pronto para ler um livro como esse.

Da segunda vez, gostei bem mais. Três anos fazem muita diferença na vida da pessoa. À parte a necessidade de "saber tudo" do livro para o vestibular, consegui captar muito mais coisa do que não tinha captado na primeira leitura. Lembro que uma das coisas que mais me impressionava no texto, era o jeito do Fabiano. Era engraçado ficar imaginando aquele cara bruto que não era capaz nem de conversar, só de grunhir.

Tinha também a cadela Baleia, que na minha visão era bem parecida com uma cadela que tinha aqui em casa. Morreu em 2003 a Chambreca.

Pelo que lembro do livro, o filme é bem fiel. Mas me incomodou ver um Fabiano tão falante, embora tivesse a desenvoltura de uma vassoura. Um exemplo: a sequência em que Fabiano e Vitória monologam sobre Seu Tomás da boleandeira e a cama de couro é muito boa, mas a partir daí não consegui ver o Fabiano com toda a rudeza que lhe era peculiar em minha imagem dele. Ele passou a ser uma espécie de Jeca Tatu mais bruto. Sobrava humanidade nele. Faltava bestialidade.

Em contrapartida, a cena da morte da Baleia é brilhante. E se você pensar na dificuldade da cena e levar em conta que o filme é de 1963, o mérito é ainda maior. A morte, inclusive, gerou toda uma movimentação em grupos de proteção aos animais. Muita gente protestou contra a brutalidade que se cometera com o pobre animal. Pra vocês verem que tem gente besta no mundo há muito tempo.

É um belo filme sim. Um clássico do cinema nacional. Mas se você, vestibulando preguiçoso, tiver que ler o livro, não o substitua pelo filme: beba os dois.

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