Ontem, depois de muito perdido nas séries, encarei um filme. Vi o último Bressane: A erva do rato. O filme é livremente adaptado de dois contos machadianos: "A causa secreta" e "Um esqueleto". Nunca os li, então não dá pra falar muito.
Eu nem sou tão fã do Bressane, embora ele seja, de longe, o cineasta brasileiro que mais experimenta e ousa. Todavia, não consigo embarcar nos filmes dele. Suas viagens não me pegam...
Assisti ao Erva mais por curiosidade do que tudo. Curiosidade, sobretudo, no par Selton Mello e Alessandra Negrini. Dois puta atores: diga-se. E, em termos de atuação, não dá pra se decepcionar. Tudo muito redondo, muito bem dirigido.
O que mais me chamou a atenção no filme é um que de incomunicabilidade entre Ele e Ela (sim! os personagens não têm nomes, mas pronomes). Um relacionamento que começa fortuitamente - Ele a ajuda depois de uma queda no cemitério que ambos visitavam - gradativamente vai se tornando numa confusão indiscernível que flerta, a um só tempo, com o profundo e com o artificial. Não se sabe muito bem para onde vão aquelas pilhas e pilhas de cadernos que Ela redige enquanto Ele dita-lhe uma série de conhecimentos. Assim como não se sabe para que lado vai esse caso - chega a ser um romance? - dos dois.
E um rato aparece ameaçando a frágil - desde o berço - relação. Um rato. No final das contas, A erva do rato é uma espécie de elegia ao amor, a tudo aquilo que ele pode ter de melhor e pior. Não recomendo com louvor, mas se você quiser assistir, não será uma perda de tempo total.
EDIT: Faltou dizer uma coisa: fotografia do Walter Carvalho é sempre fotografia do Walter Carvalho! O sujeito é genial.
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